Whisky baseado em fatos reais

Dia 13 de julho (terça-feira) foi o dia internacional do rock. Como não estava fazendo nada e estava afim de sair, recebi um convite de um amigo meu, o Guilherme, para irmos ir tomar uma bebida quente e escutar uns rocks num bar da zona sul daqui, o Tio Maneco. Um bar que só aparece gente tirada a intelectual e glbt. Se fosse para descrever com detalhes, o bar parece mais um estacionamento, pois tem uma área na frente cheia de britas, com o bar lá no fundo. Mas apesar disso, o bar é um dos muitos lugares de Aracaju onde as pessoas vão pra ficar do lado de fora. O que cria aqui, verdadeiros eventos alternativos bem interessantes. E lá não foi diferente: tinha mais gente do lado de fora, do que dentro.

O layout do bar.

Só que antes de descer pra lá, passamos no supermercado pra comprar alguma bebida, pois lá no Maneco, além de pagar para entrar, você tem que estar bom de bolso. E essa é outra peculiaridade do local: bebidas e tira-gostos caros. Compramos então gelo, dois copos, um refrigerante de guaraná (diet por sinal) e uma garrafa de whisky. Sentamos do outro lado da rua do bar do Maneco, começamos a preparar as doses e olhar as menininhas que estavam por lá.

O melhor amigo do homem. O cachorro engarrafado.

Começamos a jogar conversa fora e elogiar as pernas das meninas que passavam. Não preciso dizer que estávamos sentados na calçada e em uma posição privilegiada, pois víamos as pernas e algumas coisinhas mais que passavam por lá. Um problema que percebo em lugares assim, é que as pessoas se vestem como se fossem para um casamento. Putz! Bar é lugar de descontração, de você ir pra falar alto, rir, conversar sobre a vida, filossofar na mesa, dar conselhos pra alguns, bronca em outros, paquerar enfim, bar é bar. Mas em zona sul, as pessoas se vestem como se fossem pra uma formatura. Só faltou mesmo o pessoal chegar de beca, com o diploma na mão.

Uma visão realmente bem privilegiada.

Nisso chegam dois conhecidos de Guilherme e começam a puxar papo. Nada contra, mas eu fico imaginando como era a vida de Guilherme antes da Universidade, pois as pessoas só se chegam nele para querer aproveitar dele no momento e depois saem fora. E não foi diferente. Os carinhas chegaram nele só porque viram ele bebendo lá na frente do bar. Ficaram ali só porque estavam esperando outras pessoas chegarem. Mas como eu estava afim de me divertir, ficamos conversando sobre mulher e outras coisitas más.

Fiquei analisando e percebi que muita gente aqui nessa cidade vive de imagem, pois os carinhas estavam bem vestidos, só que estavam esperando umas meninas chegarem pra eles entrarem no bar, pois estavam sem um real no bolso. Mas algo bastante peculiar me chamou a atenção naqueles dois caras, principalmente no baixinho. Eles tinham uma característica que eu já havia citado em alguma outra postagem passada. Eles eram... Eram... MACHOS BETA! Isso mesmo, eles eram os provedores, pois pelas conversas deles dava pra perceber que como homens eles eram uma negação em relação às mulheres.

Um exemplo de macho Beta.

O maior não era tão deprimente quanto o menor. O cara sofria de ananismo. Tem 24 anos, mas tem a altura e a aparência de um menino de 15. E pra piorar, tinha uma mina lá que o baixinho tava afim, e ele era apaixonado por ela. Cara... Fiquei pasmo com a atitude do molecão quando ele viu a menina. Ele ficou que nem um cachorrinho de madame, do lado dela e a seguindo onde ela ia. O cara era totalmente sem auto-estima, e isso me irritava demais! E o pior é que ele era complexado por ser baixinho. Cara... Eu sou gordinho, mas nem por isso eu sou complexado. Garanto que se ele tivesse uma boa auto-estima, ele poderia ter meio metro de altura, que ele seria popular onde chegasse. Mas não! O palerma não sabia transformar defeitos em qualidades. Eu fiquei tão puto que ia dar em cima da menina que ele tava afim, pra mostrar como se faz. Só que Guilherme não deixou.

Deprimente demais!

Fiquei conversando com o pessoal, quando de repente o que vejo: o baixinho chorando do lado da menina, e ela nem aí pra ele, ignorando-o, conversando com a galera dela. Aquilo foi demais! Foi a gota d'água! Tive vontade de esmurrar o cara por causa daquela atitude dele. Nada contra, pois desde que inventaram a monogamia, surgiu dois tipos comuns de macho: o alfa e o beta. E o cara estava fazendo muito bem o seu papel de macho beta. Mas ele poderia ser melhor. Ele poderia ser o alfa, mas a sociedade e as mulheres já o transformaram naquela desgraça que estava presenciando com meus olhos míopes: bem-sucedido e infeliz. Fui pra casa refletindo sobre aquilo tudo e pensando naquele velho deitado que diz: "Existem pessoas que nada oferecem, a não ser dinheiro."